A primeira boa prática de gestão: testar e medir
Há pouco tempo, perguntaram-me qual é a primeira boa prática de gestão que instalo nas empresas com as quais começo a trabalhar.
A minha resposta foi testar e medir!
A pergunta parece simples, mas a resposta poderá ser complicada e muito díspar de gestor para gestor e de empresa para empresa.
Mas, segundo a escola profissional que tive, e de acordo com tudo o que tenho lido em livros de gestão, é realmente esse ponto que falha na maior parte das empresas e que é crucial para construir um futuro melhor e de mais resultados.
A primeira boa prática de gestão: testar e medir
Durante os últimos anos, tenho contactado com centenas de empresas.
Apesar de perceber que o tecido empresarial português não está muito mau financeiramente, vejo que há uma grande necessidade de melhorar as práticas de gestão, que ainda são, na sua maioria, baseadas em práticas muito antigas e já ultrapassadas.
Traçar objetivos de curto, médio e longo prazo, boas práticas de planeamento, desenvolvimento de sistemas de suporte, definição de organogramas de funções, priorização das tarefas com o grau de importância, medição dos resultados ou definição de melhores formas de liderança.
Todas estas são práticas inexistentes em quase todas as empresas com que comunicamos.
A maior parte das pequenas e médias empresas em Portugal é gerida com base na experiência passada, mas de uma forma subjetiva.
Na maior parte das vezes, a avaliação do negócio e as decisões são baseadas na leitura que o gestor faz da situação e raramente baseadas em critérios objetivos, numéricos, de eficácia ou rentabilidade.
Isto faz com que os gestores sejam totalmente orientados pela sua intuição, apesar de toda a sua experiência e dos muitos anos no ramo. A questão é que a maior parte destas empresas foram formadas nos últimos 20 anos, por acontecimentos passados e que podem estar ultrapassados ou enviesados.
Medir para gerir
Como se costuma dizer, “contra factos não há argumentos”.
Dessa forma, aquilo que defendo e que repito vezes sem conta a todos os meus clientes de coaching é que tudo o que é feito tem de ser medido.
Assim, garantimos que percebemos os resultados daquilo que fazemos. Para além disso, se o fizermos de uma forma contínua, conseguimos perceber se estamos a melhorar ou a piorar, se as medidas que tomamos nos estão a aproximar ou a afastar dos objetivos traçados.
Aproveito para vos contar uma história que se passou comigo.
Enquanto diretora de marketing de uma empresa, propus uma campanha à minha equipa: uma campanha com imagens muito bonitas, altamente inspiradoras, daquelas que nos agarram ao ecrã do computador, mas a mensagem era um pouco mais subliminar.
Eles, como resposta, prepararam uma contraproposta: a imagem não era boa, sem cor, sem história, sem essência, mas muito objetiva na mensagem.
Testar e medir
Claro que eu não tive dúvidas que a minha opção era muito mais bonita, e eles também não, mas, mesmo assim, a minha equipa pediu-me para lançar as duas.
Eu concordei em fazer o teste e medir os resultados.
E querem adivinhar o resultado?
A segunda converteu o dobro da primeira. Ao fim de 24 horas, pedi para retirar a minha campanha do ar e apostámos tudo na proposta dos meus colaboradores.
Conclusão: por mais longa que seja a nossa experiência, não podemos confiar na nossa intuição e gosto nos negócios. Temos que colocar de lado o nosso ego (que muitas vezes nos engana), aprender a confiar nos números e deixar que sejam eles a guiar-nos.
Hoje, depois de muitas experiências pessoais e com os meus clientes, em que a intuição nos atraiçoou, eu incentivo todas as organizações a experimentar todas as alternativas, sem grande ligação e, acima de tudo, sem preconceitos.
Podemos experimentar as várias opções e, desde que tenhamos a correta medição, conseguiremos rapidamente tirar as melhores condições.