Liderar pessoas ou gerir pessoas?
Liderar pessoas ou gerir pessoas? Gerir equipas, liderar pessoas, acompanhar colaboradores no seu dia-a-dia são, para muitos empresários, tarefas muito desafiantes. Muitas vezes, o facto de não estarem bem preparados para estas tarefas são um grande obstáculo no crescimento sustentado das empresas que lideram.
Liderar e gerir não é fácil, mas…
Lidero equipas e acompanho empresários, no seu dia-a-dia, há muitos anos, trabalhando com empresários e gestores que são responsáveis pelas suas equipas. Uma coisa posso garantir desde já: não é uma tarefa fácil.
Mas será que a dificuldade de gerir pessoas nos pode fazer parar? Será que essa é uma boa razão para deixarmos de apostar no crescimento da nossa empresa e da nossa equipa?
Claro que não. Os negócios não podem parar de crescer. Lembrem-se que há uma lei do universo que diz que tudo o que não está a crescer está a decrescer. Só há dois sentidos na empresa: ou para cima ou para baixo.
Mesmo para aqueles empresários que dizem que não querem crescer muito, porque não são muito ambiciosos ou porque acreditam que, se crescerem demasiado, o negócio dará muitas dores de cabeça: o negócio não pode parar de crescer. Se o seu negócio entrar em decréscimo, torna-se muito complicado inverter a dinâmica. O espaço que irá deixar vazio será certamente aproveitado por algum concorrente e, depois, será muito mais difícil de reverter o processo.
Nada o pode parar de querer crescer!
Nesse sentido, tem de encontrar formas de responder às dificuldades. Este processo do acompanhamento aos seus colaboradores é um tema crítico nas organizações. Deve, por isso, dedicar-lhe toda a sua atenção e também a sua paciência, que às vezes é muito necessária para que tudo corra pelo melhor.
Mas, afinal, quais são os aspetos com que tem de se preocupar neste processo de acompanhar a equipa?
Para que seja capaz de responder da melhor forma às exigências deste processo, há, na minha opinião, duas personalidades diferentes que tem de desenvolver dentro de si: a de gestor de equipa e a de líder.
Liderar pessoas ou gerir pessoas?
Para mim, o gestor de equipa caracteriza-se como aquele que acompanha os processos no dia-a-dia. É a pessoa que está em contacto com a operação, que define o plano tático do dia-a-dia e que acompanha os colaboradores na execução consistente desse mesmo plano. É ainda aquele que define os seus objetivos, que avalia a performance, que os ajuda a fazer da melhor forma e que exige resultados, mas dando as ferramentas, as metodologias e os sistemas que os servem da melhor forma.
As 7 Características de um bom gestor de equipa:
- Empático – É muito importante que o gestor de equipa seja uma pessoa capaz de se pôr no lugar dos outros, de entender as suas dificuldades, de entender como os outros se sentem, para conseguir ajudar da melhor forma, mantendo a proximidade de cada um. É uma pessoa que tem que manter um equilíbrio entre a exigência dos resultados e a relação de proximidade e compreensão.
- Observador – É fundamental que o gestor de equipa esteja muito atento àquilo que se passa. Deve conseguir ver e analisar rapidamente aquilo que está a correr melhor e menos bem, para conseguir incentivar os bons comportamentos e corrigir aquilo que corre menos bem. Deve ser capaz de seguir de perto a operação, mesmo não tendo de estar presencialmente junto da operação. Tem que garantir as formas de fazer o acompanhamento mais perto ou mais longe, conforme o grau de exigência e de autonomia de cada pessoa da sua equipa.
- Bom comunicador – Um bom chefe de equipa tem que saber passar a mensagem para a equipa da melhor forma. Tem de saber adaptar a sua forma de falar para cada indivíduo. Cada pessoa compreende as mensagens de forma diferente e, por isso, é muito importante que o emissor saiba transmitir a mensagem de forma a que o recetor a entenda. Nunca nos podemos esquecer que a comunicação é responsabilidade do emissor, daí ser muito importante que o emissor garanta que o recetor recebeu a mensagem corretamente.
- Bom ouvinte – Para além de falar bem, o bom chefe de equipa tem que ouvir ainda melhor. Quando nascemos, deram-nos dois ouvidos e uma boca. Não foi por acaso. Para termos uma equipa connosco, devemos estar totalmente disponíveis para os escutar com atenção, para lhes darmos tempo. Devemos estar disponíveis para ouvir as ideias deles, para ouvir as suas queixas e até, ocasionalmente, desabafos de coisas extra trabalho que sejam importantes para eles. É muito importante que todos os colaboradores se sintam totalmente à vontade no trabalho. Passamos tantas horas no trabalho que o ambiente deve ser o mais confortável possível. Mas cuidado que “à vontade” não é “à vontadinha”.
- Organizado – Uma das principais funções do gestor de equipa é manter os recursos organizados, fazendo as coisas certas da forma certa. Para isso, é fundamental ter o organograma desenhado e ter as funções bem definidas. É preciso que a estrutura seja organizada, cabendo ao gestor garantir a definição e a manutenção desta organização.
- Rigoroso – Um bom gestor de equipa deve ter muita atenção aos pormenores e deve ter atenção ao detalhe. Deve ainda garantir que o trabalho é feito da forma que é definida, que os resultados são apresentados ao detalhe e que a equipa se mantém totalmente focada no resultado esperado.
- Exigente – Para garantir a melhor performance da equipa é fundamental estabelecer um ambiente de prestação de contas. Cada um deve ter uma noção clara daquilo que lhe é exigido, com os objetivos claramente definidos e não negociáveis. É muito importante que o gestor da equipa não aceite desculpas por não se ter atingido os objetivos. O melhor de cada um não é suficiente para atingir a alta performance. É muito importante que o gestor seja exigente, que lhes peça mais do que o normal, que os incentive a irem mais além e a ultrapassar aquilo que eles pensam ser os seus limites.
A outra personalidade que deve ter para garantir os melhores resultados da sua equipa é a de um bom líder. Um bom líder é aquele que inspira, que passa a visão, que nos move mesmo quando parece difícil, que nos motiva quando tudo nos atira ao chão.
As 7 Características de um bom líder:
- Visionário – O verdadeiro líder tem que ser alguém que tem uma visão clara para a empresa, que sabe para onde a quer levar e que o transmita de forma clara à sua equipa. Todos precisamos de um propósito maior na nossa vida e se, enquanto chefe de equipa, conseguir passar essa mensagem para a equipa, se eles entenderem qual o destino para onde estão a caminhar, será certamente mais fácil de os envolver no trabalho diário. Tudo ganhará outro sentido!
- Ambicioso – Um bom líder, além de visionário, tem que ser ambicioso. Não basta saber para onde vai, é preciso que esta visão seja ambiciosa, que faça com que toda a organização sonhe alto. É muito importante que os colaboradores sintam que estão numa empresa ambiciosa e em crescimento. Que o nível de exigência é alto porque os objetivos também são muito altos. As pessoas devem sentir que pertencem a uma organização de excelência, em que apenas os melhores têm lugar. As mensagens devem ser sempre de grande ambição.
- Criativo – Deve conseguir pensar naquilo que os outros não pensam. Deve ter ideias novas e pensar em inovação. Deve conseguir surpreender a equipa com novos projetos, com novas formas de fazer as coisas. Deve ver aquilo que os outros não veem.
- Inspirador – Um bom líder deve ser alguém que nos inspira, alguém que nos faz mover. Deve ser alguém carismático, que nos passa mensagens profundas que nos fazem acreditar. É muito importante que nos faça sonhar e, acima de tudo, acreditar que os sonhos são possíveis.
- Integridade – É muito importante que os colaboradores sintam que o líder é genuíno. É fundamental que eles sintam que o que o chefe diz é realmente sentido e que ele vive da forma que apregoa. Um líder tem que ser uma pessoa muito credível para que os colaboradores o queiram seguir.
- Comunicador enérgico – A comunicação do líder tem que ser enérgica, ser sempre muito positiva, muito otimista e recheada de força e alegria.
- Desafiador – Um bom líder deve conseguir desafiar a sua equipa. Deve estar preparado para os tirar da zona de conforto, para lhes estabelecer desafios que os obriguem a ir mais longe e a pensar fora de caixa. Deve ainda criar incentivos dentro da organização, para que as pessoas possam arriscar e ir além do seu dia-a-dia sem ser penalizados pelo erro.
Equilibrar os 2 perfis
Não é fácil ter estas características todas e, para quem gere uma equipa, nem sempre é claro como equilibrar os dois perfis. No entanto, ter esta consciência poderá ajudar a equilibrar o líder e o gestor que tem de ter dentro de si.
Obviamente que, numa organização com vários níveis hierárquicos, as lacunas de umas pessoas podem ser compensadas com os pontos fortes de outros. Ou seja, se eu sou o gestor de uma empresa e entendo que sou mais forte na área da liderança, certamente que terei de contratar chefias intermédias que tenham as características de gestão mais fortes.
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