Como ser um bom líder?
Estamos a atravessar um momento desafiante, tempos diferentes dos ditos normais. Hoje, mais do que antes, é fundamental saber como ser um bom líder, motivar as equipas, mantê-las unidas mesmo num momento difícil.
Como ser um bom líder?
Como ser um bom líder? Esta é uma pergunta que está muito longe de ter uma resposta linear e unânime.
Durante os últimos anos, este tem sido um dos principais temas que tenho investigado. Alguns pontos parecem óbvios e toda a literatura se refere aos mesmos. Exemplos destes pontos são ser inspirador, bom comunicador, manter as pessoas unidas à volta de um objetivo comum, etc. Embora sejam pontos comummente aceites do ponto de vista teórico, continuam a ser pontos em que, na prática, a maioria dos gestores e empresários falham rotundamente. Estamos perante uma daquelas situações que são muito mais simples de descrever do que de aplicar no dia a dia.
Mas porque será que são tão difíceis de colocar em prática?
Eu consigo ver duas razões: primeiro porque, quando estamos a falar de pessoas, a diversidade de atitudes que podemos encontrar é quase infinita e, por isso, dá trabalho. A maioria das pessoas (incluindo os gestores e empresários), quando vê uma tarefa que dá trabalho, retrai-se e prefere ficar na sua zona de conforto.
Não tenho dúvida nenhuma que lidar com pessoas é uma das tarefas mais desafiantes, pois temos que saber ouvir, compreender e adaptar-nos a cada indivíduo que encontramos. Temos que ter uma grande capacidade de ser camaleão (atenção, não significa perder a nossa identidade, apenas adaptarmo-nos).
A segunda grande razão é mesmo a falta de tempo, porque, além de dar trabalho, este processo também demora tempo. A maioria dos gestores estão diariamente embrenhados em tarefas demasiado operacionais e, por isso, dizem não ter tempo para liderar as suas equipas. O problema é que é através das suas equipas, e da sua máxima performance, que eles ganham tempo para gerir a empresa. O poder de conseguir tirar o máximo partido dos seus colaboradores é um dos super poderes de um empresário e, para isso, é preciso tempo e paciência.
Hoje, mais do que antes, é muito importante conseguirmos unir as equipas. Mesmo que ainda não estejam a trabalhar, é fundamental que mantenham a comunicação ativa, diariamente, com todos os vossos colaboradores (diretamente ou através de chefias intermédias, que passem a vossa mensagem para equipas maiores). O silêncio, em momentos como estes, promove o medo e a incerteza.
Mas, afinal, qual é a mensagem que devo passar à minha equipa?
- Tranquilizar a equipa relativamente ao presente da empresa
Neste momento, ouve-se falar incessantemente em crise, recessão, lay-off, desemprego. É normal que os seus colaboradores queiram saber como está a situação da empresa e, em particular, a situação deles. Seja claro e honesto relativamente às finanças da empresa, à forma como estão a pensar responder a este desafio e às medidas que vão implementar.
- Estabelecer uma inspiradora visão de longo prazo e comunicá-la de forma envolvente
É muito importante que os colaboradores percebam que a empresa não está só focada na sobrevivência, que há um projeto consistente e duradouro pós COVID-19.
É fundamental que o líder encontre o “Porquê” da sua empresa, que lhe dê a paixão devida e que o saiba comunicar da melhor forma.
Viktor Frankl, no seu livro “O homem em busca de um sentido”, relatou-nos a sua experiência nos campos de concentração durante a Segunda Guerra Mundial, em que ele constatou que, em situações de grande turbulência, de grande desgaste físico e psicológico, aqueles que sobreviveram foram os que tinham um propósito para além daquele tempo. Aqueles que conseguiram ultrapassar aquele momento tão dramático não foram os mais fortes, nem aqueles com mais saúde, foram aqueles que tinham uma razão muito forte para ultrapassar aqueles dias.
É isso que é essencial criarem na vossa empresa e nos vossos colaboradores. Um propósito pelo qual valha a pena lutar e ultrapassar este momento menos bom.
- Comunicar um plano de curto prazo para ultrapassar este momento desafiante
No entanto, é muito importante ter um plano de curto e médio prazo. Mesmo que ainda não seja possível operar dentro da normalidade ou que a procura tenha sido afetada, é fundamental pensar, estruturar e pôr em prática as ações que nos possam colocar na linha da frente da retoma económica.
É nestas alturas que temos oportunidades únicas de reinventar o nosso negócio, adaptá-lo a modelos mais modernos. As equipas estão mais recetivas a mudanças e os clientes também.
A comunicação deste plano de curto prazo é fundamental para envolver as pessoas nas ações, para as manter ocupadas (e assim sem tempo para ouvir notícias e pensar em desgraças), e para começar a produzir os resultados que nos vão suportar financeiramente e permitir manter o caminho do sucesso.
- Estabelecer e acompanhar as métricas necessárias
A dicotomia entre liderar e gerir é sempre um equilíbrio difícil de manter. Liderar é inspirar, motivar, dar autonomia e pedir responsabilidade. Gerir é ensinar, acompanhar e pedir contas.
Manter este equilíbrio nem sempre é fácil pois se sistematizo demasiado passo a ter as pessoas a funcionar como máquinas, alienadas e a seguir o manual sem questionar. Mas se deixo tudo à liberdade de escolha dos colaboradores, perco a consistência dos processos, tendo cada colaborador a inventar a roda cada vez que a têm de utilizar.
No entanto, é fundamental ter objetivos e métricas para acompanhar o sucesso das ações que vamos implementando. Neste momento, o rigor dos processos, a exigência com o controlo dos custos é obrigatória e, por isso, é muito importante termos um controlo apertado dos indicadores e termos os colaboradores, no dia a dia, focados naquilo que é mais importante e que traz mais resultados.
Em resumo, neste momento temos que comunicar diariamente com a nossa equipa, dizendo-lhes a verdade sobre a situação atual, inspirando-os a chegar connosco longe a um futuro promissor, atravessando alguns obstáculos nos próximos tempos mas que vocês já estão a antever e já têm um plano para ultrapassar.
Façam-nos sentir valiosos. É fundamental o profundo envolvimento deles para viabilizar a empresa e o caminho traçado.
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