Como estruturar um processo de recrutamento
Sabe como estruturar um processo de recrutamento?
Em quase todos os clientes por onde já passei, um dos pontos críticos é a falta de pessoas e, por isso, em alguma altura do acompanhamento, ajudamos no processo de recrutamento.
A falta de confiança nas pessoas, as dificuldades sentidas na liderança das equipas, faz com que muitos empresas acabem por estrangular o seu crescimento com a falta de recursos.
Depois do empresário trabalhar 40 horas por semana, 8 horas por dia, o crescimento torna-se impossível sem recorrer a mais colaboradores. É neste momento que alguns empresários hesitam e impedem a empresa de crescer.
É muito importante que todos os gestores e empresários entendam que o crescimento faz parte das empresas e que, quase sempre, não há crescimento de faturação sem crescimento de recursos humanos e sem processo de recrutamento. Se eu quero receber mais dos meus clientes, eu tenho que entregar mais e, para isso, eu preciso de mais recursos. E um dos recursos da empresa são os recursos humanos.
Passado este primeiro impedimento, alguns empresários decidem partir para um processo de recrutamento mas, na maior parte das vezes, com má vontade e com pouco empenho.
Nas PME, o empenho do líder da empresa no processo do recrutamento é fundamental. Antes de iniciar um processo de recrutamento é importante ter alguns cuidados de estruturação da empresa que me permitam ter mais claro se preciso mesmo do recurso ou não, que tipo de recurso procurar e qual o valor a pagar por aquele recurso.
É importante ter definido e escrito de uma forma clara a visão, a missão e os pontos de cultura, sistematizar o organograma da empresa, definir as funções inerentes a cada caixa no organograma e definir o seu valor para conseguir entender, antes de ir procurar no mercado, o perfil dos candidatos que procuramos quer do ponto de vista técnico como do ponto de vista comportamental.
Para eu conseguir ir ao mercado conquistar os melhores recursos, é muito importante que perceba que o processo de recrutamento, é como um namoro. Tem que fazer sentido para as duas partes. A empresa deve se saber vender como uma empresa boa para trabalhar, uma empresa em crescimento, uma empresa de sucesso, uma empresa que tem um bom ambiente e que todos são felizes, com uma boa carreira. Para consiguir atrair os melhores talentos devemos manter sempre a preocupação de, mantendo a verdade sobre os nossos princípios, agradar também quem nos procura.
Nós queremos encontrar os melhores recursos possíveis, os colaboradores nível A. Provavelmente esses não estão desempregados há muito tempo, não estão em casa a enviar CVs à espera que alguma coisa caia do céu, não estão disponíveis para aceitar a primeira coisa que apareça. Têm que ser conquistados.
Na falta de tempo para procurar as melhores soluções, os empresários recorrem, muitas vezes, a soluções que parecem mais fáceis, ao primo da amiga, que até parece bom rapaz e está desempregado há algum tempo…
Mas será uma boa solução?
Vou ser muito sincera, não façam isso. Não contratem amigos, nem primos dos amigos, que não conheçam muito bem em cenário profissional. Um amigo que é porreiro para ir para os copos e para ir ver o futebol, pode não ser nada bom para trabalhar.
Com uma contratação destas, ficam presos a situações que, se correrem mal, são muito desconfortáveis, difíceis de resolver para ambas as partes e podem inclusivamente estragar boas amizades. Já vi e ouvi muitas histórias de situações problemáticas nas empresas por onde vamos passando, de colaboradores que o empresário apesar de assumir que é um péssimo trabalhador, não consegue mandar embora, porque é familiar de um grande amigo, ou filho de um grande cliente…
Estou-me a lembrar de alguns casos em que a pessoa não só está a sair cara, porque é um salário que não está a produzir e, pior que tudo, está a minar o ambiente de trabalho. Está a sair mesmo muito cara, mas mesmo assim são situações que se prolongam durante anos e que, quando terminam, têm consequências muito graves.
A maior dos empresários, cansados de processos de recrutamento demorados, que os fazem investir muito tempo e que nem sempre lhes trazem bons resultados, optam por processos de recrutamento curtos, com uma única interação com os potenciais candidatos.
Se num processo de recrutamento longo, com várias interações, com avaliação de várias pessoas da empresa, ainda há tantos enganos. Como será num processo rápido, com pouco cuidado?
Na minha opinião um processo de recrutamento deve ser longo, com muitas etapas, com vários avaliadores envolvidos, com cenários de avaliação diferentes. Só assim conseguimos entender a coerência da pessoa
O processo de recrutamento deverá incluir várias fases, em que os candidatos irão sendo avaliados e que irão sendo escolhidos um subgrupo para passar para a fase seguinte. Como sugestão:
- Envio do Curriculum Vitae
- Entrevista telefónica para avaliar
- Entrevista de grupo
- Preenchimento de questionário de perfil comportamental (DISC ou outro similar)
- Entrevista individual (com chefias intermédias)
- Envio de trabalho prática
- Entrevista com gerência
Nas PME, a última palavra deverá sempre ser da gerência, do líder da empresa, pois são normalmente empresas que giram muito à volta da sua maneira, do seu perfil. É importante que os candidatos se alinhem também com esse perfil e que se enquadrem nos pontos de cultura da organização (que serão sempre aqueles com que o líder se identifica).
Atenção que uma má contratação é muito pior que uma não contratação.
Vejo muitas vezes que, no final do processo de recrutamento o empresário não está satisfeito com nenhum dos candidatos que lhe passou pelas mãos. A frase que já ouvi várias vezes é: “Escolho este… é o menos mau!”. Não façam isso. É preferível voltarem ao início, receberem mais CVs e fazerem o processo todo novamente.
Pode ser cansativo e parecer tempo gasto. Mas eu vos garanto que todo o tempo investido num bom recrutamento é tempo muito produtivo. É muito importante que consigam encontrar a pessoa certa para a vossa organização. E depois é colocá-la no sítio certo a fazer a coisa certa e conseguem alavancar o vosso negócio, o que significa multiplicar o vosso tempo e a vossa produtividade.