Alta performance: 5 passos para pôr em prática
Quando falamos em alta performance associamos quase sempre a atletas e à competição. No entanto, nas nossas empresas é muito importante ter colaboradores nível A, aqueles que são muito bons e que estão disponíveis para, em cada momento, dar sempre o seu melhor independentemente das condições externas.
Há uns anos preparei uma palestra para uma equipa de jovens desportistas de alta competição e a primeira pergunta que lhes fiz foi o que realmente distingue um atleta de topo e um atleta mediano.
As respostas foram variadas, mas as primeiras causas em que pensaram eram todas físicas ou externas. Fui-lhes refutando com alguns exemplos de atletas que não sendo extraordinariamente altos ou fortes que atingiram o topo do desporto mundial. Fui-lhes dando exemplos de atletas que não tendo as melhores condições de treino chegaram muito longe. E aos poucos eles foram se encaminhando naquela que é, para mim, a resposta certa.
A mentalidade!!! A vontade de vencer! A disponibilidade para dar tudo, mesmo quando está difícil, mesmo quando as forças começam a faltar.
Efectivamente a mentalidade, a atitude são o grande ponto de diferenciação das pessoas de sucesso. E é aqui que temos de estar constantemente a trabalhar em nós e nas nossas equipas.
Em todas as empresas os colaboradores têm diferentes performances. Estatisticamente a performance dos colaboradores divide-se de acordo com uma curva normal, em que a grande maioria dos colaboradores estará à volta da média e depois há um pequena franja que se destaca pela sua qualidade e outra franja que têm uma performance abaixo da média.
5 pontos que fazem a diferença na mentalidade dos nossos colaboradores e que devemos cuidar (e que ajudam a alta performance):
1) A forma como se enfrenta os desafios
Para os colaboradores menos bons, os desafios são verdadeiros problemas. Quando lhes proponho algo diferente do seu dia a dia, ficam em pânico, reagem mal e colocam a sua energia a encontrar todas as razões pelas quais aquele desafio não vai ser superado. Condicionam totalmente o seu insucesso mesmo antes de tentar. Olham sempre para os desafios com grande pessimismo. Desistem sem sair da sua zona de conforto.
Os top performers adoram desafios. São bons desafios que os aliciam, é sair da zona de conforto que os motiva para correr ainda mais. São optimistas e preocupam-se em encontrar vários caminhos alternativos para ultrapassar os desafios. É isso que vai condicionar a alta performance.
2) A forma como se olha para os obstáculos
Os que têm piores resultados estão sempre à procura de uma boa desculpa para desistir. Quando encontram um obstáculo focam-se logo em transformá-lo na desculpa perfeita para parar. O ponto seguinte é encontrar alguém com quem partilhar a desculpa e que os apoiem nessa desculpa para não ficarem sozinhos. Os piores elementos estão sempre à procura dos outros piores elementos para tentarem convencer os outros que aquele obstáculo é intransponível. A pergunta que este grupo responde é o PORQUÊ, sempre preocupados em encontrar a justificação.
Os top performers focam-se totalmente no cumprimentos dos objetivos. Entendem o verdadeiro significado de inegociável e, por isso, quando encontram um obstáculo entendem-no como algo que faz parte do caminho. A pergunta que este grupo faz é o COMO, sempre preocupados em encontrar soluções alternativas.
3) A forma como se encara o esforço
O grupo de colaboradores que tem pior performance, não está preparado para esforço. Procura sempre os caminhos mais fáceis e quando não dá resultado pára.
Os top performers sabem que não há resultados fáceis. Estão preparados para alcançar o objetivo ou morrer a tentar. Os melhores colaboradores entendem que às vezes a diferença entre conseguir ou não é apenas um pequeno esforço extra. Imaginem que estão envoltos num elástico e que começam a fazer força para se ver livres do elástico. À medida que o elástico vai esticando vai sendo mais difícil de esticar mais e mais. Tenho duas opções desisto e fico preso ou continuo a fazer força. Mesmo quando já parece impossível esticar mais, continuo a fazer força. É nesse exato momento que o elástico parte e eu fico livre, cumprindo o meu objetivo. Foi o último esforço que me permitiu cumprir o objetivo e se eu não tivesse feito tinha voltado à estaca zero, pois o elástico tinha voltado ao formato inicial e eu continuaria presa com o elástico à minha volta.
É como que a água ferve aos 100º… não é aos 99… é preciso chegar até a essa temperatura.
4) A forma como se interpreta as críticas
Os colaboradores menos bons olham para as críticas como algo destrutivo. Quando alguém os critica, tentam sempre desculpar-se com fatores externos como o tempo, a economia ou até o colega do lado que não fez bem o seu trabalho. Colocam-se constantemente como vítimas que tudo lhes acontece. Aproveitam estas situações como perfeitas para dizer: “Eu sabia, eu não sou capaz. É melhor fazeres tu!”.
Os melhores colaboradores aceitam a crítica como uma prenda. Entendem que se alguém lhes está a dar feedback é porque estão preocupados com a sua boa performance (mesmo que não concordem com essa crítica). Pensam muito profundamente sobre todo as críticas que recebem pois percebem que a única forma de melhorarem é perceberem o que estão a fazer menos bem e melhorar esses pontos. Têm sempre o ser melhor na sua cabeça. Estão sempre disponíveis para fazer coisas sobre as quais ainda não sabem tudo.
5) A forma como se avalia o sucesso dos outros
Uma das maiores preocupações dos piores colaboradores é os outros. É olhar para o lado e pensar o que estão os outros a fazer. Encontrar lacunas no trabalho dos outros, ajuda muitas vezes a justificarem os seus erros. “Eles também erram”. Muitas vezes acabam por se preocupar mais com o trabalho dos outros do que com o seu próprio, o que resulta em distração e falta de foco.
Os melhores não se preocupam demasiado com os outros, focam-se nos seus objetivos e no que têm realmente que fazer para lá chegar. Se sentem que os outros fazem bem ou melhor isso não os preocupa demasiado. Toma isso como um exemplo: “Se os outros já fizeram eu também sou capaz”.
Obviamente que empresarialmente não podemos fechar os olhos ao que os nossos concorrentes estão a fazer. Mas devemos olhar para os bons exemplos e querer aprender e fazer ainda melhor.
Tem cultivado esta mentalidade na sua empresa? Está focado na alta performance?
Muito intetessante.
Deixo uma reflexão ligeiramente diferente para quando a “nossa equipa” são os “nossos clientes”: enquanto uns olham para o lado copiando, outros olham em frente, inovando, sendo resilientes, aceitam sugestões, procuram oportunidades.
Muito obrigada pela sua reflexão. Concordo completamente em manter os olhos postos sempre em frente… não ignorando o que se passa à nossa volta, mas sempre mantendo o foco na inovação. Só isso nos poderá manter a navegar no nosso “oceano azul”.